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Mostrando postagens de 2016

Zero em Comportamento

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Em assembleia realizada no dia 1º de novembro, alunxs do Instituto Multidisciplinar, no Campus Nova Iguaçu da UFRRJ, decidiram, acompanhando movimento nacional de estudantes secundaristas e universitárixs, ocupar também o prédio da instituição. Como parte das atividades do Ocupa IM-UFRRJ, organizam eventos acadêmicos e culturais. Atendendo a uma convocação de propostas para a realização de atividades variadas, propus um cine debate com o filme Zero de Comportamento (FRA, 1933), de Jean Vigo. Achei a exibição do filme propícia à ocasião do movimento de ocupação. A proposta foi aceita e realizamos o cine debate na tarde do dia 14 de novembro. Este texto é uma versão prévia que preparei sobre o filme para orientar a minha participação na discussão.    Jean Vigo nasceu em 1905 e morreu muito jovem, em 1934. Realizou o curta metragem Taris, roi de l’eau (1931) [1] , os média metragens À propôs de Nice (1930) [2] e Zéro de Conduite (1933) e o longa L’Atalante (1934) [3] . Ap

“Feminismo – Como suas alunas estão mudando a escola”

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Mais uma vez a capa da Nova Escola me chamou a atenção. Dessa vez foi a edição de setembro de 2016. [1] Três garotas aparecem em destaque sobre a seguinte frase: “Feminismo – Como as suas alunas estão mudando a escola”. Em outra oportunidade escrevi sobre a capa que tinha um menino usando um vestido de menina e o título “Vamos falar sobre ele?”  Pelas características da publicação, muito bom ver temas culturalmente mais ousados, geralmente polêmicos mesmo entre professores e professoras. A capa de uma revista é a comunicação imediata com o seu leitor. Dependendo da sua exposição, hoje bastante presente em redes sociais na internet, poderá alcançar até novos leitores para a publicação. Na tessitura de uma imagem e texto em destaque na capa de uma revista existe uma pedagogia, ou seja, uma trama para conduzir alguém até as sua páginas internas – ou pelo menos reter essas informações de forma suficientemente marcante para produzir sentidos sobre assunto em relevo apenas com a

Fome

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O que realmente nos faz evitar a abordagem das pessoas que nos pedem dinheiro nas ruas ? Ou ainda, ao contrário, o que decididamente queremos quando procuramos por elas para uma oferta de comida? São encontros entre dois extremos, repletos de receios ou caridosa aproximação. Suas figuras escondem histórias e biografias noturnas, sem a visibilidade solar que acreditamos tranquilizadora. Uma opacidade que, na verdade, também possuímos. Tentamos, muitas vezes, dissipar a neblina que encobre as nossas incertas identidades realizando um bem.   Que pessoas são essas ? Que pessoas somos nós? Quem é você, professor? Fome , de Cristiano Burlan, é um dos filmes nacionais mais interessantes recentemente em cartaz. Na sala em que assisti ao filme, apenas três pessoas presentes. Não sei se o título já nos pede alguma coisa que é melhor desviar os olhos ou se o filme brasileiro praticamente sem publicidade não leva quase ninguém ao cinema mesmo. Uma pena audiência tão pequena. O filme é

Menino 23

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Pense em um documentário que narra uma história sobre nazismo e o destino de cinquenta crianças aprisionadas em uma fazenda, no interior de São Paulo. É o suficiente para levar você ao cinema. Agora, para os que trabalham com educação, imagine que esse filme tem início em uma aula de história, que o seu roteiro é baseado em uma tese de doutorado defendida na área de Educação e que essas crianças foram retiradas de um orfanato católico e entregues a uma família de nazistas. Estamos diante de um filme precioso, é claro. No ano de 1998, durante uma aula do professor Sidney Aguilar Filho, uma aluna conta que na fazenda da família, em Campina do Monte Alegre, foram encontrados tijolos impressos em relevo com a suástica nazista em uma construção já existente no local. O episódio na sala de aula deu início à pesquisa de doutorado “Educação, autoritarismo e eugenia”, apresentada por Sidney na Faculdade de Educação da UNICAMP, em 2011. É também como o filme começa.  Ainda em cartaz

Sob o olhar de Paulo Freire, retratos dos jovens nas escolas: imagens dionisíacas

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Este texto foi escrito para a minha participação na mesa “Juventudes Dionisíacas”, no dia 14 de julho, durante o I Seminário do Curso de Especialização em Ensino da Arte , que aconteceu na Casa França Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. I O movimento #ocupaescola foi um dos acontecimentos educacionais de maior relevância entre os anos de 2015 e 2016. Provavelmente foi também o movimento mais representativo do espírito das manifestações de 2013, quando tanta gente já se perguntava sobre os destinos daquelas jornadas, se elas não estavam esgotadas, à semelhança da luz fugaz de uma estrela cadente. Em contrapartida, as concepções mais republicanas e democráticas da educação sofrem ataques através de movimentos como “escola sem partido” e “escola livre”. Sobrou até para um dos mais importantes educadores do século XX e declarado patrono da educação brasileira: Paulo Freire – atingido nas ruas e nas mídias. Como sinal dos tempos, até Alexandre Frota foi recebido por

Que Horas Ela Volta?

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Com este post encerro meus comentários a respeito de três filmes nacionais que, em 2015, abordaram em suas histórias questões sobre a educação no pais.  Os outros dois posts foram sobre Tudo Que Aprendemos Juntos e Casa Grande . Entre os três filmes examinados, Que Horas Ela Volta? foi o filme de maior destaque na mídia, exibido até na TV aberta. Assisti primeiro no cinema e agora foi possível rever também em DVD, de onde extrai os fotogramas que utilizo aqui na minha conversa sobre o filme. Dirigido por Anna Muylaert, é também o único que não tem “cenas de escola”. O tema educação aparece de outro modo, não menos importante. Pelo contrário, sua aparição no filme é questionadora dos jogos de visibildade-invisibilidades que cercam a sociedade brasileira a propósito dos seus temas mais fundamentais. Ao lado de Casa Grande , o filme de Anna Muylaert discute os efeitos de transitividade que os governos do PT causaram na sociedade brasileira, assinalando especialmente o ca

Paulo Freire Contemporâneo

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Este texto é uma versão previa escrita para a minha a participação como debatedor no “Cine Debate: Paulo Freire Contemporâneo”, programado como atividade da Semana de Integração do Curso de Pedagogia do Campus Nova Iguaçu da UFRRJ, no dia 3 de março de 2016. * Nas conversas sobre um filme, antes de tudo, é importante lembrar sua autoria. O autor de Paulo Freire Contemporâneo é Toni Venturi, que também dirigiu, entre outras obras, o documentário O Velho, Luiz Carlos Prestes (1997), cinebiografia de outro personagem importante da história do país no século XX. E o que é o filme Paulo Freire Contemporâneo ? Paulo Freire Contemporâneo é um documentário que apresenta a biografia de Paulo Freire narrando momentos marcantes da sua vida pessoal, de educador e intelectual, mostrando ainda a repercussão do seu trabalho e o atual legado das suas contribuições. Toni Venturi realiza o seu filme utilizando imagens documentais, gravações da participação de Paulo Freire e