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Mostrando postagens de 2017

O Melhor Professor da Minha Vida

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“Vou sentir a sua falta”. É o que diz o jovem Seydou para o professor de literatura François Foucault na despedida. Estou falando de O Melhor Professor da Minha Vida , de Olivier Ayache-Vidal , filme em cartaz recentemente, mas a cena me fez recordar de uma ocorrência com um aluno meu, quando lecionava na rede municipal do Rio de Janeiro. No filme, François Foucault está retornando à sua escola de origem, deixando uma escola de periferia, após um ano, para continuar o seu trabalho no prestigioso Liceu Henrique IV, no centro de Paris. No meu caso, estava deixando a minha escola no bairro de Benfica, zona norte da cidade, para uma licença de dois anos para a conclusão do meu doutorado em educação, na UFF. Meu aluno apenas perguntou se eu estava realmente de saída, episódio escolar que terminei narrando na minha tese A economia política da diferença: identidade e diversidade cultural no Multieducação – Núcleo Curricular Básico do Município do Rio de Janeiro . A tese foi p

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

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Aproveito a ocasição do último Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM de 2017, para escrever sobre o filme Hoje Eu Quero Voltar Sozinho . Pensando na redação proposta aos candidatos, sobre os “Desafios para a formação educacionalde surdos no Brasil” , eu me lembrei do filme de 2014, dirigido pelo Daniel Ribeiro. Uma recordação provocada pela polêmica que o tema proposto causou imediatamente nas redes sociais após a sua divulgação. Ao ler o texto da proposta de redação, a primeira impressão que eu tive é a de que estava lendo uma questão para um concurso destinado à seleção de especialista em Pedagogia ou ainda para ingresso em um Mestrado em Educação. Ainda tenho dúvidas sobre o público-alvo da proposta de redação, no entanto, estou certo sobre a temática cidadã e a legitimidade do problema. Eu me lembrei do filme porque constitui uma oportunidade de debater o assunto. O primeiro “texto motivador” da redação apresenta artigos da LDB que determinam o direito da pessoa com d

Paulo Freire: A trama das imagens entre o currículo e a pedagogia da imagem

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(Texto escrito para a minha participação na mesa “Currículo e a Pedagogia do Oprimido” da Semana Acadêmica de Pedagogia, no Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, em Nova Iguaçu, no dia 16 de outubro de 2017) Agradeço-lhes o convite para a participação na mesa “Currículo e a Pedagogia do Oprimido”. Parabenizo também pela oportuna lembrança de Paulo Freire na ocasião dos 20 anos da sua partida. Nos dias que correm, a memória de Paulo Freire é aviltada por uma campanha difamatória sobre o significado da sua obra e me parece especialmente relevante que estudantes queiram discutir o seu legado, preservando a sua presença entre nós. Eu gostaria de dar um título à minha apresentação: “Paulo Freire: A trama das imagens entre o currículo e a pedagogia do oprimido”. O que pode nos assegurar a importância de Paulo Freire hoje é o diálogo vivo com a sua obra. Paulo Freire ainda nos ajuda a pensar os desafios da educação popular no século XXI ? Tive a sorte de lecionar durant

Os Transgressores

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Para Renata Bonfim O cinema nacional também fala da educação ?  Para os interessados em assistir sobre a educação brasileira na tela do cinema, as últimas duas semanas foram incomuns. Desde o último dia 15, no Rio de Janeiro, é possível assistir aos filmes Nunca Me Sonharam e Os Transgressores . O primeiro, no Espaço Itaú de Cinema, e o segundo, na Estação Net Botafogo. Sobre Nunca Me Sonharam ,  publiquei aqui , na semana passada, algumas considerações. Agora vou escrever sobre Os Transgressores , documentário de Luis Erlanger. O que me levou ao filme Os Transgressores foi Paulo Freire, um dos personagens do documentário. Filme político, contemporâneo naquilo que leva à tela, Os Transgressores apresenta outros três personagens, além de Paulo Freire: Carlos Tufvesson, Celso Atayde e Lucinha Araujo. O filme de Luis Erlander discute o Brasil hoje, mostrando nossas fraturas sociais e culturais através do trabalho de quatro personalidades “transgressoras”, visionárias e

Nunca Me Sonharam

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Ainda que muitas vezes observado como uma instrutiva mídia educacional no país, pedagogizante e política, o cinema nacional, por outro lado, ao longo de sua história, não se interessou muito em interpelar e discutir a própria educação. Diferentemente da cinematografia de outros países, não encontramos “filmes de professores”, “filmes de escolas” ou com alguma outra abordagem sobre o assunto educação, em número significativo entre as nossas produções de ficção feitas para o cinema. Tampouco entre o cinema de documentário o cenário é outro. Enfim, o que existe parece pouco para um país que tem reconhecidamente na educação um dos seus problemas mais lembrados. No entanto, nos últimos anos já sentimos alguma mudança. O ano de 2015 foi especialmente relevante com pelo menos três filmes de ficção apresentando questões referidas à educação em suas histórias: Que Horas Ela Volta?  , Tudo Que Aprendemos Juntos  e Casa Grande . Entre os documentários, também em 2015, tivemos Últimas

Existência e presença criadora em Paulo Freire

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Texto escrito para uma conversa no Colégio Estadual Paulo de Frontin (RJ), no dia 4 de abril. Encontro organizado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID de Artes da UERJ. Conversa que reuniu licenciandos do PIBID e professores do colégio. Uma conversa sobre Paulo Freire em uma escola pública é realmente gratificante para quem se interessa pela obra e trajetória do autor. No meu caso, uma satisfação também porque lecionei na rede municipal do Rio de Janeiro e é sempre revigorante esse retorno ao chão da escola, onde, afinal, tudo de importante realmente acontece. * Eu me recordo agora de um episódio entre as minhas vivências na última escola municipal em que lecionei. Logo na minha primeira semana naquele lugar, andando pelos corredores, vi um rapaz lendo Paulo Freire, sentado em um canto. Não me recordo o ano ao certo. 2002, talvez.  Bem no início do nosso século, portanto. Fiquei curioso sobre aquele interesse tão inspirador, um servidor