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Mostrando postagens de abril, 2020

Para ser um ser no mundo

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“E se já pensávamos em método ativo que fosse capaz de criticizar o homem através do debate de situações desafiadoras, postas diante do grupo, estas situações teriam de ser existenciais para os grupos”. Como prosseguir com a educação em tempos de distanciamento social? As classes médias estão on-line, e as classes populares? Qual educação agora para a maior parte de estudantes brasileiros que frequentam as escolas públicas? No meu estado, Rio de Janeiro, na sua rede pública, a pressão sobre os professores, a falta de planejamento e orientação pedagógica, é o que acontece. A escola pública maltratada, o desprezo pela educação das classes populares, é o que constatamos. O pensamento de Paulo Freire tem sofrido a perseguição mais desprezível do governo Bolsonaro, do próprio presidente e ainda do seu ministro da Educação. As milícias digitais da extrema-direita atacam Paulo Freire e o significado da sua obra sem descanso.  O que sobrou do seu legado para o século XXI?

Sociedade do cansaço

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“Vivemos num mundo muito pobre de interrupções, pobre de entremeios e tempos intermédios”. No início, acompanhava as notícias sobre a epidemia da Covid-19, ainda limitada à região de Wuhan na China, com uma curiosidade distante. Algumas semanas depois, minha vida já tinha sido atingida também.   Quase que repentinamente comecei a ouvir falar de distanciamento social e quarentena como uma necessidade instantânea. Escrevo este artigo três dias após a troca do ministro da saúde. Enquanto Luiz Henrique Mandetta mostrava-se mais coerente com as recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde, o presidente Bolsonaro, divergindo do seu ex-ministro, defendia isolamento social apenas vertical e maior movimentação de pessoas no trabalho para, segundo ele, salvar empregos e a economia. Entre as orientações dos órgãos competentes de saúde e o negacionismo do presidente Bolsonaro, as pessoas seguem preocupadas com o que está por vir, vivendo intensamente a expectativa do achatament

Em louvor da sombra

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“Nós, orientais, criamos sombras em qualquer lugar e, em seguida, a beleza”. Não conhecia o Junichiro Tanizaki (1886-1965) até me deparar com este pequeno volume, Em louvor da sombra . Na torrente de imagens das redes sociais, fui tocado pela gravura de Utagawa Kunisada (1786-1864) e título. Comprei o livro. Ao ler o prefácio de Pedro Erber, descubro que Tanizaki é um importante escritor japonês e que Em louvor da Sombra é um ensaio muito conhecido do autor. “Em louvor da sombra”, me chamou atenção a frase quando, poucas semanas atrás, começávamos o distanciamento social diante da pandemia da covid-19. Agora que a nossa vida obscurece com as incertezas a respeito de como seremos definitivamente afetados pela pandemia, valorizar a sombra parece uma mensagem aberta da cápsula do tempo. Em louvor da sombra, publicado em 1933, é uma narrativa sobre a fruição estética japonesa que ameaçava desaparecer com a modernização do país. Tanizaki escreve com grande sentimento sobr