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Mostrando postagens de 2014

Paulo Freire e Milton Santos: um encontro para a educação popular na contemporaneidade

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Texto que apresentei na c onferência de abertura do II Congreso Educación Popular y Praxis Social, ocorrido em 24 de setembro de 2014 na  Universidade da Cartagena, em  Cartagena das Índias, Colômbia Pretendo apresentar uma discussão chamando atenção para as possibilidades de um encontro teórico entre dois intelectuais que estão entre os mais lembrados nas reflexões que hoje são realizadas sobre educação e sociedade brasileira. Sobretudo, nas análises que pretendem refletir sobre os nossos mais graves problemas sociais e os caminhos para superá-los. Embora, muitas vezes discussões sobre o país estacionem em estatísticas, com o propósito de melhorar os números, a lembrança do legado de Paulo Freire e também das contribuições de Milton Santos são boas companhias quando o desejado é discutir como chegamos até aqui e ainda problematizar o futuro, não em termos de avaliações quantitativas, mas implicados com a vida concreta das classes populares – a história de luta e as am

Lei de exibição de filmes de produção nacional nas escolas – Parte 1

Lei N. 13.006 , de 26 de junho de 2014, determina que “a exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais”. O cinema nacional passa a fazer parte do currículo e agora é hora de pensar sua efetivação, já que a lei passa a vigorar a partir da sua publicação. É certo que a exibição de filmes já faz parte do cotidiano de muitas escolas, mas não de tantas como poderia. A forma da lei estabelece senão a garantia, pelo menos constitui uma chamada para contar com o cinema de forma regular na realização do currículo na educação básica. A melhor conversa para decidir como encaminhar a implementação da lei é aquela que poderá ser realizada entre professores e professoras nas escolas. Mas depois de muitos anos de trabalho na educação básica e também pesquisando e orientando dissertações que lidam com o diálogo entre educação e cinema,

Junho – O Mês Que Abalou o Brasil

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Uma conversa sobre Junho – O Mês que abalou o Brasil , filme que assisti no último final de semana e que ainda está em cartaz aqui no Rio de janeiro e em outras capitais. Um ano após as manifestações que entraram para a história política recente do país já é possível revisitar no cinema acontecimentos e imagens que até agora ainda estamos tentando entender exatamente o que houve e o que continua valendo para a compreensão da sociedade brasileira na contemporaneidade. Depois das tentativas de alcançar explicações através de debates, artigos e já alguns livros publicados, agora é a vez do cinema. A sessão de cinema estava vazia, contrastando com os episódios de junho de 2013, que chamaram atenção pela quantidade de gente participando. Mais do que a Copa que está começando, entretendo corações e mentes, acredito que a característica nada popular da produção e do lançamento do filme, realizado pela TV Folha (do grupo Folha de S. Paulo) e limitado por aqui a uma sala na zona

Educação, Cinema e Infâmia

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Texto que escrevi para a minha participação em uma mesa do evento I Seminário PIBID Interdisciplinar – IM , ocorrido em 9 de junho de 2014 no Campus Nova Iguaçu da UFRRJ   * O cinema é uma das possíveis “vozes da educação”. Nos últimos anos nos acostumamos com a ideia de que existem “outras vozes” e não apenas aquelas que representam as identidades hegemônicas na educação. Diversas “vozes” são reprimidas e até impedidas de “frequentarem” as escolas. Diante do necessário diálogo a respeito das “diferenças”, o cinema poderia estar mais presente, também interpelando a cultura e o nosso tempo, provocando com suas imagens o que muitas vezes não gostamos de encarar de frente: presenças que desafiam nossas visões a respeito do que deve ou não ser admitido na educação, na sociedade. * Vou dividir a minha apresentação em dois momentos. No primeiro vou narrar como desenvolvi meu interesse pelo cinema na educação, informando brevemente algumas das minhas questões e abordagens

Jogo de Cena

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 Repentina e trágica a partida de Eduardo Coutinho. Mas o documentarista deixou, contudo, uma obra para nos dedicarmos durante muito tempo ainda. Há muito para dizer sobre seus filmes. A influência do seu trabalho ultrapassa o interesse dos profissionais e estudiosos do cinema, alcançando admirações e usos mais extensos. Entre pesquisadores da área de educação o nome de Coutinho desperta um interesse crescente. Há muita curiosidade e atenção dedicadas às conversas que produz nos seus filmes. Sua capacidade de fazer (ou deixar...) as pessoas falar é especialmente encantadora para os que utilizam esses encontros na condução de suas pesquisas. Seus personagens são pessoas comuns, existências que fazem a beleza e a pertinência dos seus documentários. Esse é o desejo de tantos que pesquisam no campo da educação: transformar seus entrevistados em protagonistas, de “pessoas comuns” em personagens destacados da pesquisa, reconhecendo a primazia das suas presenças na própria