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Mostrando postagens de 2013

Professora sem classe

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Para os que se apaixonaram pelo caráter do professor Mark Thackeray (Sidney Poitier, em Ao Mestre com Carinho , 1967), o que dizer da professora Elizabeth Halsey? Quando conta para uma colega sobre o que acreditava serem os motivos certos para começar a lecionar, ela diz: “poucas horas, férias no verão, autonomia”.  Halsey é uma professora “toda errada”. O filme é um mostruário pedagógico às avessas, nele existem incontáveis cenas que mostram o que uma professora nunca deve fazer, na sala de aula ou fora dela. E mais, Cameron Diaz interpretando uma professora que deseja um “bom casamento”, enquanto um colega sem atributos se apaixona por ela, parece projetar apenas mais um filme ruim, com os clichês gastos e já conhecidos pelo público. Pode ser.   O que estaria fazendo Cameron Diaz em um “filme de professores” senão um filme ruim? Mas eu realmente não sei. Para a História do Cinema Beader Teacher poderá ser um filme esquecível, ou até inexistente, mas para os seus colega

A arte: conversas imaginárias com a minha mãe

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Imagens para uma conversa sobre imagens. Conversa com a sua mãe e também com seus leitores. Imagens no lugar da comum diagramação da escrita nos livros que discutem a arte. Também não existem ilustrações, mas desenhos, história em quadrinhos e a impressão de letras manuscritas. Assim é o livro de Juanjo Saéz sobre o que é arte. Na verdade, não se trata de um livro que pretende definir o que é a arte, à moda dos intelectuais, mas uma publicação que discute características do que chamamos arte, sobretudo, aquela outorgada pelos museus e “especialistas de arte”, enquanto propõe uma concepção mais ampla, que contenha realizações mais ordinárias e comuns. Sem ressentimentos, Juanjo apresenta rápidos perfis de artistas e movimentos. Até manifesta suas preferências. Mas, principalmente, com uma boa dose de acidez, problematiza os espaços e as práticas da arte outorgada pelo mercado, mas também pelos intelectuais que elaboram concepções aristocráticas e excludentes. Logo no in

Persépolis

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Uma garota que cresce entre as turbulências políticas do seu país, a mundialização da cultura e as características experiências da adolescência e da juventude nas sociedades contemporâneas. Marji é a protagonista dessa animação realizada na França, mas sobre os anos de despertar de uma jovem iraniana reflexiva sobre sua vida e a história do seu tempo.    Em Persépolis , Marjani Satrapi divide o roteiro e a direção do filme onde narra sua própria trajetória pessoal enquanto o Irã também se transforma. Persépolis no cinema é, por sua vez, uma versão da primeira visualidade realizada por Marjani para a sua autobiografia, a HQ com o mesmo título, publicada em quatro volumes entre os anos de 2000 e 2003. Contar a vida através de imagens é uma trama pictórica para a memória. Existe a restituição desenhada do passado através de formas e cores impressas no pensamento. E existe também sua expressão novamente desenhada para ser projetada em uma mídia. E assim, imagens que serão e

Conto de escola

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A história começa e termina com a mesma dúvida na cabeça do seu narrador. Entre os caminhos da escola e outros passos, a dúvida sobre o que seguir. Na verdade, apenas no início da narrativa a escola ainda é uma opção. Quando novamente se depara com caminhos e descaminhos, um som é o que irá seguir, para bem longe da escola... Conto da escola , de Machado de Assis, nos leva para o ano de 1840, quando seu personagem, narrador da história, recorda-se e conta sobre dias vividos na infância entre a frequência escolar e a encantadora vida nas ruas da cidade. O narrador volta no tempo, mas, mesmo sem saber, avança também. 170 depois, para muitas crianças ainda, a mesma dúvida. A versão aqui utilizada para essa conversa sobre Conto da escola é uma edição ilustrada pelo artista Nelson Cruz. O conto foi escrito originalmente sem desenhos. Para o ilustrador, então, o desafio é dialogar com seus traços em uma narrativa já escrita. Para o leitor, por sua vez, o desafio é ler com as

Retratos da sala de aula

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Pesquisas no campo da educação podem ser realizadas através de variados métodos e condutas. Pensar a experiência educacional não tem confinamento intelectual, ao contrário da realidade que parece eterna para tantas crianças e jovens nas escolas, presas a carteiras, a muros e à própria “sala de aula”. Contudo, também fixados a uma herança universitária e científica que valoriza a palavra escrita e verbal como referência documental para investigar concepções e práticas da educação, salvo como uso ilustrativo ou de “memória”, não encontramos significativa curiosidade dos pesquisadores pelas imagens. Classroom portraits 2004-2012 , álbum de fotografias publicado por Julian Germain em 2012 pela editora Prestel, pode ser visto como um convite à aventura de ultrapassar convenções acadêmicas e produzir novos saberes através de outros olhares, mirando retratos da sala de aula de muitos países. O livro reúne poses fotográficas feitas pelo autor que nos oferecem uma imagem mú

Kiriku e a Feiticeira

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O cinema de animação sempre conduziu nosso olhar para formas e cores imaginárias. Um mundo bem diferente do nosso cotidiano é desenhado e nele projetamos também nossas fantasias. A animação é criação do artista e cenário encantador para as nossas fábulas. Adoráveis as animações que podem apresentar mundos mágicos e ainda sondar nossas próprias ficções, muitas vezes surpreendentes. A trama do desejo só aparece no final da história, quando segredos são revelados, às vezes na direção contrária do que parecia esperado. Em uma aldeia na África, Kiriku nasce como uma criança incomum. Nasce sozinha e falando. Seus familiares e vizinhos estão assustados com Karabá, a feiticeira. Ela é má. Comeu os homens adultos que tentaram enfrentá-la. Kiriku vai também ao seu encontro. Kiriku está com seu tio, que inicialmente resiste em contar com a companhia da pequena criança. Depois de enganar a feiticeira no primeiro encontro, Kiriku pergunta para o tio o motivo de Karabá ser má.

O Mágico

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Nos espetáculos , artistas populares acariciam nossas vidas. No entanto, o gosto muda e o artista pode experimentar o abandono do público e o esquecimento da sociedade. Nem sempre cuidados de quem tantas vezes animou nossa existência. E ainda assim, um artista poderá continuar sua arte de animar vidas. O ano é 1959. Estamos em Paris. Ilusionista se apresenta diante de uma plateia nada empolgada com o seu número. Em uma viagem para Londres, o protagonista da história precisa, sem sucesso, dividir a atenção do público com músicos de rock n roll . Há um êxtase entre os novos artistas e seu público que o ilusionista não consegue atingir. Não há nada que possa tirar da sua cartola, além do coelho. Parte para outra cidade. Ele continuará tentando. Em lugar mais modesto e aparentemente tradicional, lá também o rock n roll alcança, estridente, envolvente. Viagens que mostram a articulação de um gosto comum cada vez mais difícil de ser enfrentado por artistas tradici

Um gato em Paris

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Insignificante pode ser a linha que separa as tramas tecidas à luz do dia das aventuras noturnas. Melhor não se deixar levar pela imagem imediata e a forma aparente. Os dias continuam surpreendentemente.  Dino não vive as noites de Paris como os gatos comuns. Enquanto passa o dia como a boa companhia de uma garota, à noite Dino ajuda um ladrão. E assim atravessa as horas da sua jornada diária: entre a casa de Zoé e as andanças noturnas com outro gatuno, Nico. A alternância de Dino cruza caminhos e pessoas que a aparência não mistura. Jeanne, mãe de Zoé é uma policial. Contrariando a conveniência das identidades finalizadas, as vidas de Nico e de Jeanne, assim como as travessias de Dino, encontrarão seus reversos em um surpreendente encontro. A mãe de Zoé foi casada com um policial, que perdeu a vida nas mãos de outro criminoso, Victor Costa. Jeanne está ocupada com a possibilidade de prender o assassino e resolver também os frequentes crimes de furto, que a pericia