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Mostrando postagens de 2018

Imagens da vida nas escolas: estéticas e resistências

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Para o convite de participação na mesa “Culturas e potências das periferias do Rio de Janeiro”, que ocorrerá no dia 3 de outubro de 2018, durante o  10º Seminário Acadêmico do Programa de Pós-graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias , penso em conversar sobre a escola pública e os jovens. A ideia é discutir como as presenças das juventudes populares nas escolas acontecem como “resistências” à concepção e prática da educação a elas destinadas. Resistências que nos desafiam a pensar outro paradigma para a educação pública reservada à maioria popular. A ideia é desenvolver a minha apresentação através de algumas imagens, fotografias que fiz em duas escolas públicas, uma na zona norte da cidade do Rio de Janeiro e outra em Seropédica, Baixada Fluminense, que acredito indiciais para pensar a questão. A escola pública brasileira coloca-nos um enorme desafio: o que é “escola de qualidade” para as classes populares? De outro modo: Qual educação queremos para as

Ato/r criador - Educação e arte popular como leitura de mundo em Paulo Freire

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Depois de assistir às apresentações de tantos artistas na mesa [1] , estou aqui pensando como vou me virar, afinal sou apenas um professor. Mas aí eu já posso citar Paulo Freire (2011, p. 45) que disse no seu livro Cartas á Guiné-Bissau : “o educador é um político e um artista”. Então eu também posso me sentir um artista para conversar aqui com vocês.  Por outro lado, gostaria de iniciar a minha participação observando que para o candidato com a maior intenção de votos na eleição presidencial, Paulo Freire precisa ser expurgado da educação brasileira. Fonte: Proposta de Plano de Governo do candidato fascista, página 46. A ignorância do candidato Bozo sobre a educação brasileira é notável. A má fé também. A questão que realmente importa é a seguinte: Por que a investida autoritária contra Paulo Freire agora?                  A propósito, há um episódio biográfico sobre Paulo Freire que é oportuno lembrar agora. Quando foi preso após o golpe de 1964, em uma ocasião foi pro

Ferrugem

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Ferrugem , de Aly Muritiba, ainda está em cartaz no Rio de Janeiro, em Botafogo, no Estação NET Rio. É aquilo que muitas vezes observo aqui no blog, os cinemas de shopping espalhados pela cidade mostrando os mesmos filmes sem muita importância e um reduzido número de salas, entre o centro e a zona sul, mostrando filmes que fazem realmente a diferença. Ferrugem foi escolhido melhor filme nacional do Festival do Cinema de Gramado, mas muitos nem sequer vão saber sobre a produção. Como professor, lamento muito porque o cinema nacional mais recente tem exibido filmes bem interessantes para pensarmos sobre desafios da profissão e da própria educação para a sociedade brasileira. O cinema também faz parte das nossas redes educativas e da formação de educadores, inclusive. No entanto, é um cinema para uma população exclusiva que pode frequentar as salas localizadas nas áreas mais nobres da cidade. Como educadores, precisamos nos apropriar do melhor cinema, mostrá-los em espaços mais

O Orgulho

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O cinema é uma das vozes da educação. Com ele ampliamos nossas interlocuções como educadores. Assistir a um “filme de escola” é uma formação que realizamos através do audiovisual. De um modo geral, o cinema é ele mesmo uma pedagogia da imagem. E como qualquer outro processo formativo, não somos meros espectadores, tudo submetemos a alguma crítica. Olhar é uma ação mais do que uma passiva recepção. Se vamos ao cinema assistir a um filme, a menos que a película nos faça dormir, a ancestral atração pelas imagens é uma fantasia que realizamos a partir do instante em que nos sentamos e saímos da escuridão absoluta quando a tela acende. Como qualquer cinéfilo, como professores estamos condenados a uma vida entre luzes e sombras também. Ir à sala de cinema nos ajuda a lidar com a penumbra da sala de aula. Dias atrás assisti ao filme francês O Orgulho , de Yvan Atall  A relação entre professor e aluno é um bom teatro para a projeção dos desafios comuns ao encontro das diferença

Carregadoras de Sonhos

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Carregadoras de Sonhos , dirigido por Deivison Fiuza, é um filme excepcional, por mais de um motivo. Com quase 70´, é praticamente um documentário longa metragem protagonizado por quatro professoras, tema bastante incomum na produção do audiovisual nacional. A produção do filme é de um sindicato, o SINTESE – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica de Sergipe. Não conheço nenhuma outra iniciativa parecida de sindicato de profissionais da educação. Como obra artística, é um filme bastante interessante também. Conheci o filme através de uma cópia em DVD distribuída em uma embalagem compacta que foi encartada como brinde em uma edição da Revista Fórum.  Atualmente, o filme pode ser encontrado no YouTube também. O adicional da cópia em DVD são os extras do filme. Os frames que vou mostrar aqui foram extraídos da reprodução do filme no YouTube.  O filme é construído mostrando a difícil jornada diária das professoras Edielma, Marta, Maraisa e Rose. Não apenas a jo

Maioria Absoluta

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Já observei algumas vezes aqui no blog: o cinema nacional não se interessou muito pelo assunto educação. Não me refiro ao chamado “cinema educativo” ou aos filmes de propaganda de campanhas educativas, mas ao filme que de algum modo problematiza a instituição escola e seus personagens. Tenho procurado escrever sobre os poucos filmes dedicados direta ou indiretamente ao tema. Assim, prosseguindo com o meu projeto  Imagens da educação no cinema nacional , vamos conversar agora sobre o documentário curta metragem  Maioria Absoluta , de Leon Hirszman, de 1964. Uma nota inicial. Quando comecei a minha pesquisa a respeito de filmes nacionais sobre educação, o formato que me interessava exclusivamente era o longa-metragem feito para o cinema. No entanto, como essa faixa de produções mostrou-se relativamente pouco expressiva numericamente, concluí que o melhor seria me interessar por outros formatos do audiovisual também. O ganho para a pesquisa se justifica e o filme  Maioria Absolu