Um gato em Paris





Insignificante pode ser a linha que separa as tramas tecidas à luz do dia das aventuras noturnas. Melhor não se deixar levar pela imagem imediata e a forma aparente. Os dias continuam surpreendentemente. 

Dino não vive as noites de Paris como os gatos comuns. Enquanto passa o dia como a boa companhia de uma garota, à noite Dino ajuda um ladrão. E assim atravessa as horas da sua jornada diária: entre a casa de Zoé e as andanças noturnas com outro gatuno, Nico.

A alternância de Dino cruza caminhos e pessoas que a aparência não mistura. Jeanne, mãe de Zoé é uma policial. Contrariando a conveniência das identidades finalizadas, as vidas de Nico e de Jeanne, assim como as travessias de Dino, encontrarão seus reversos em um surpreendente encontro.

A mãe de Zoé foi casada com um policial, que perdeu a vida nas mãos de outro criminoso, Victor Costa. Jeanne está ocupada com a possibilidade de prender o assassino e resolver também os frequentes crimes de furto, que a pericia descobriu acontecerem com a presença de um gato, em razão dos vestígios de uma pata nos locais.

Os laços entre os diferentes personagens apertam quando Jeanne encontra uma pulseira com Zoé, mimo que o gato entrega para a garota na volta de um de seus passeios. Peça de um roubo.  E tudo vai ficar também mais próximo quando Zoé resolve seguir Dino na sua andança noturna.

Apesar das evidências, as pessoas não são o que parecem ser. Zoé corre perigo. Jeanne prende Nico, mas não é ele o risco. Jeanne entrega a filha para os cuidados da empregada que cuida da garota enquanto trabalha. E ela que irá entregar Zoé para Victor Costa.

Nico escapa da polícia e nos telhados de Paris, onde também os gatos se esbarram, encontra Victor Costa. O assassino do pai de Zoé salta para uma proteção que acredita ver. Sutil a linha que separa a visão da imaginação. Ainda assim, pode ser decisiva. O bandido finalmente será preso.

Nico, o outro bandido, contudo, terá outro final. A última cena do filme reúne Zoé, Dino, Nico e Jeanne. Agora eles formam uma família. 

Luz e escuridão aparecem contrastantes no desenho. Aprendemos a enxergar assim. A deixar de ver também. Os caminhos de Nico, no entanto, nos levam para uma fronteira onde tudo é pouco nítindo, entre o claro e o escuro.


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Título original: Une vie de chat 
Direção: Jean-Loup Felicioli e Alain Gagnol 
País: França 
Ano: 2010

Classificação indicativa: 12 anos



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